A criança que não quer calar!

Um dia desses, estava na casa de uma amiga quando ela começou a desembaraçar o cabelo da filha de 3 anos que havia acabado de tomar banho. A menina começou a chorar e gritar desesperadamente, como se seus cabelos estivessem sendo arrancados.
Parecia uma cena de tortura, e se eu não estivesse ali, presenciando a tentativa amorosa daquela mãe em cuidar dos cabelos da filha, mas tivesse apenas ouvido de longe os soluços daquela criança, teria realmente acreditado que ela estava sentindo dor física. Mas o que mais me chamou a atenção foi quando a mãe, tentando harmonizar a filha, começou a falar sobre o titio que já ia chegar para irmos todos passear. Ela simplesmente mudou, parou imediatamente de chorar e gritar e começou a perguntar coisas sobre o passeio, enquanto seus cabelos continuavam sendo delicadamente desembaraçados, agora, porém, sem “dor”. Nós duas nos olhamos e sorrimos, como que descobrindo ali a mentira daquela criança.
Agora quero chamar a atenção para a criança interior que existe dentro de nós, aquela partezinha nossa que só cresceu por fora, mas por dentro continua uma criança. Quantas vezes não reagimos na vida como uma criança, manipulando e nos vitimando para conseguir algo ou para chamar a atenção? E muitas vezes nem sequer percebemos que a deixamos tomar conta das nossas atitudes.
Assim como essa criança que eu vi, nossa criança interior também precisa de carinho, de cuidado, de amor. Quando está “fora”, isto é, no outro, costuma ser mais fácil reconhecê-la. Mas quando se trata da nossa criança interna… sim, a tarefa é árdua. É um processo para que possamos passar a perceber suas intervenções e então poder agir positivamente sobre elas. Assim como qualquer criança, esta nossa criança interior também precisa de amor, e limites. Não adianta querer trancá-la, fingir que não existe. É aí que ela vai querer gritar mais alto! Ela precisa ser vista, reconhecida, aceita, acolhida e reeducada. E então poderemos conviver em paz com ela, vendo suas travessuras, dando-lhe a mão e conduzindo a vida com nossa parte madura.
E você, já reconhece sua criança interior? De que maneira ela vem se manifestado em sua vida? Sabe distingui-la da sua parte madura? Boa reflexão!